domingo, 31 de março de 2013

Ninguém pode fugir do que é ou foi projetado.

A nossa vida nos mostra, todos os dias, desde a infância, quem cada um é, e do que é capaz.
Minha infância foi diferente dos demais amigos e irmãs que ainda tenho.
Sempre quis ser diferente do que sou ou do que estou, porque para mim tudo foi difícil e artificial.
Tinha que me esforçar para conseguir o que para todo mundo era simples e normal.
Exemplo:
Meu pai dava tudo que minhas irmãs queriam e pior, não precisavam pedir nada que ele dava, enquanto para mim era muito diferente... um dia cheguei nele e pergunte o por que dele fazer isso comigo, se ele não gostava de mim, e ele respondeu: eu gosto de você, mas não sou obrigado a te dar o que quer só porque pediu, e eu dou quando, e se eu quiser, o dinheiro é meu!
Meus amigos, amigos... eu fazia parte do grupo, mas parecia que era um a mais e sem importância.
Enquanto todo mundo jogava bola bem e normalmente, eu tinha que me esforçar muito, porque não tinha a menor habilidade com a bola, ou seja, era muito ruim.
Era magro, fraco, tinha dificuldades em aprender as coisas, e para mim tudo parecia que me levaria a solidão e ao fracasso.
O tempo foi passando e de criança, fui promovido a adolescente, e enquanto todo mundo arranjava namorada ou paquera, eu não conseguia, tentava, mas nada.
Treinei natação e me esforcei muito ou tudo que poderia, acima das minha capacidades física e mental, para provar para mim mesmo que tudo na minha vida era por falta de determinação própria, e que eu poderia mudar meu destino.
Consegui bons resultados, até ficar doente de tanto treinar, e neste momento,  percebi que se continuasse, iria morrer treinando, e não seria jamais um campeão, e sim apenas um bom nadador.
O tempo foi passando e meu pai morreu, fiquei adulto e comecei a ganhar o meu dinheiro, e disse: agora não tem desculpa, vou ter tudo que quero e ninguém precisará me dar nada ou vou esperar algo de alguém.
Não demorou quase nada de tempo, para que o destino me fizesse casar e ter filhos, tudo que eu ganhava era para sustentar a família, e filhos...
Conheci 3 amigos maravilhosos, líderes naturais, pessoas que com uma simples ligação lotava sua casa com outros amigos e viviam rodeados de gente alegre, bem disposta e parceira.
Pedi para me ensinar como fazer amigos e eles não sabiam como me ajudar, mas falaram que eu poderia tentar o que quisesse que eles iriam colaborar.
Convivi anos com eles e percebi que consegui fazer amigos também e até formar meu grupo, mas era artificial, e não era como eles, e resolvi me ausentar um pouco para ver o que acontecia... e aconteceu que fiquei sozinho de novo.
Neste momento entendi que não adiantava eu ser eles, e que deveria ser eu mesmo, ao invés de líder, amigo dos líderes.
Profissionalmente, fiz tudo que uma pessoa poderia para ser culto o suficiente para ser um excelente profissional, cursos, pós-graduação, muito estudo em diversas áreas afins ao meu propósito de servir, e o que aconteceu... não tive a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprendi em todos os muitos anos de dedicação total... hoje cuido da qualidade de vida das pessoas, tirando suas dores e melhorando sua saúde, física e mental... mas percebi que ninguém dá a mínima para mim, querem o milagre, mas não querem saber de onde vei ou quem fez, e se faço algo espetacular, diz que aconteceu porque tomou remédio, rezou ou a promessa fez efeito.
Como pai, filho, irmão, marido e amigo, assim como profissionalmente, sempre fiz o máximo que poderia fazer para qualquer um que seja, ou tudo e o melhor que estava ao meu alcance, mesmo que isso me fizesse sofrer, perder, ou me dar mal, porque sempre pensei que se não fizesse o que fiz, a vida inteira, não conseguiria dormir em paz e olhar para os olhos dos outros... mas vejo que meu conceito de vida e de tratamento com meus irmãos humanos é unilateral, e que o mundo deles não é o meu, e como já me disseram, o que eu faço, faço porque eu quero e ninguém me pediu nada, e por isso não deveria esperar nada de nada e de ninguém.
Agora meus filhos cresceram e se sustentam, mas por incrível que pareça, por mais que eu trabalhe e ganho, sempre fico devendo e parece que a maldição do duro, com poucos amigos, inútil às minha ambições de mudar o que sempre foi, e mesmo com todo esforço e dedicação, o fato de não poder nunca ter uma vida confortável ou normal, como todo mundo que se esforça pra valer, me leva a admitir que as mudanças para melhor não está no meu propósito de vida.
Então qual seria o meu propósito de vida?
Sofrer e ver os dias passando, um depois do outro, dando tudo e vendo que tudo é desnecessário e inútil?
Penso que tudo o que eu vivi e tudo que aprendi com tudo que aconteceu, me fez ter certeza de coisas e situações que jamais teria acontecido se tivesse tido uma vida "normal".
Tenho a certeza, de tanto tentar entender e mudar minha vida, e melhorar a vida dos outros, que tudo acontece do jeito que tem que acontecer, nada está e nunca esteve fora do lugar, o que teve que acontecer e o que vai acontecer ninguém pode mudar, só porque quer, pede, deseja ou reza.
Que não posso reclamar de nada, e que a escola da vida me deu excelentes aulas com professores da melhor qualidade, que eu tanto precisava, e só tenho que agradecer a isso.
Vejo a vida e o mundo que vivemos uma grande farsa ao céu aberto, um sonho, com histórias prontas para serem vividas e não questionadas ou mudadas.
Vejo pessoas vivendo suas vidas como se fosse de verdade.
Tenho a convicção que vivemos num mundo de ilusões ou sonhos com experiências materiais, sendo que a verdade real é que nós somos espíritos, seres imateriais, que vivemos num outro mundo e plano.
Mas que usamos de um artifício que se chama almas, para que as ilusões de vidas aconteçam de uma forma tão real.
As almas possuem a consciência e a mente juntos, que faz de suas ilusões de vida criar um mundo habitável, com seres que somos nós, com seus corpos e cérebros, para que ache que é ele que está no comando... até morrer e ver que não tem mais cérebro e continua vivo.
É a alma esta que vive todas as ilusões, ilusões totais, mas aqui, todo mundo tem tanta certeza de que é o corpo que experimenta, a gente é que vive, que tudo isso realmente existe, que ninguém aceita a possibilidade de não ser nada disso que diz que existe e vive, que as experiência materiais boas ou ruins faz parte da história de vida de cada um, que pensa que vive.
Talvez entendendo, agora, a vida deste jeito, entendo que vivo e sempre vivi para mim e não para ou pelo os outros, consigo entender porque nunca consegui mudar meu destino... e de ninguém.
Qual é o meu destino?
Acredito que é saber quem eu sou, o que estou fazendo aqui e para onde vou, depois dessa.
De tanto sofrer, estudar e passar anos tentando responder a lógica da vida, sei das respostas e do porque tudo está perfeito, do jeito que sempre deveria estar.
Não é fácil saber, ser diferente, conhecer a verdade e enxergar as claras tudo que acontece na minha vida, das pessoas e do mundo, e achar que só porque sabe as respostas das perguntas da vida, vai viver melhor.
Pelo contrário, aceitar o que se é, é aceitar que não precisa mudar nada, mesmo porque isso é uma tentativa inútil e desgastante... é aceitar que com esta atitude, está me fazendo uma pessoa pior para quem convive comigo, mas melhor para mim.
Talvez agindo como estou, aceito ser a história de um certo alguém, e me sinto consciente de quem sou, mas da mesma forma, pareço que agora faço parte da grande maioria do mundo, onde cada vive sua vida conforme sua conveniência e disposição, com suas limitações e anseios.
Mediante a isso, não existe salvação, para quem espera por isso, porque não existe a mínima possibilidade de salvar alguém que não seja a si mesmo... mesmo porque se for mesmo uma história programada ou um sonho, tudo isso é ridículo, porque já está escrito, e essa de salvar não tem sentido algum, porque, como pode salvar alguém que está sonhando ou salvar o espírito que somos, do que ou de quem?
Penso que cada um tem sua vida e seus propósito, e ninguém é igual a ninguém.
Então, temos que simplesmente viver, do jeito que o destino manda, e aceitar o que somos, e nos contentar com isso, porque é isso que temos, hoje.


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